sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

exaustor

estava cansado porque corria sem ter medido antes a distância do percurso, e, uma vez dada a largada, era obrigatório seguir sem desfalecer naquele ritmo acelerado. estava correndo num fôlego desmedido, e quando pensava não ser possível uma chegada tão longe, as raias da pista indicavam que havia muito chão para correr. talvez estivesse indo para uma sagração muito divina e muito além que recompensasse com a notoriedade necessária a quem não precisa mais que sossego, que recompensasse o sangue o suor a preocupação. corria porque viver não era preciso mas chegar num lugar legal mais ou menos idealizado no mais escondido sonho, aquele que a gente não ousa sequer admitir a si mesmo, no entanto procede em persegui-lo. corria voraz apesar do cansaço até que então tropeçou numa dor e era uma dor tão confusa, dessas que pega a gente de surpresa, tipo quando se bate o cotovelo na quina da estante, o joelho no tampo da mesa. era dessas dores que a gente tem quando corta o pé o dedo, espeta na roca no espinho, fica com medo de tirar o resto de qualquer coisa que ali entrou, mas também não consegue dormir porque lateja, incomoda, lhe obriga a mudar a posição que melhor embala seu sono.

parou por necessidade. o coração não cabia em si. estava sujo, e percebera isto pela primeira vez. sentia, entretanto, os olhos da plateia que acompanhava sua queda. por vício, levantou-se, dessa vez em outro compasso, mais vagaroso. via passar os concorrentes, pensou em seguir na correria, mas a ferida lhe apertava. ouvia vaias? que fosse. o fôlego chegou ao final. parou. quem sabe na próxima corrida tivesse mais sorte.

yuri
(pra ler bem rápido)
(e sem critério)

3 comentários:

  1. não foi falta de sorte. foi somente o que era preciso pra se tocar de ir no rítmo da felicidade

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  2. por isso eu levo a vida devagar, pra não faltar amoooor {:
    nina.

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  3. Como é que tu avisa que é pra ler rápido e sem julgamento no fim do texto? x_X ahuahuahuauh

    O fim foi cinematográfico.

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