terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Surdos




Nina, em devaneios de pontos de ônibus e headphones. Idéia compartilhada com Lucas, mesmo nesse mundo enclausurado.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Problematização Metafísica e Sofrimento relativista

Na revista Galileu desse mês, saiu uma matéria interessante ("teoria da involução") que sugere que chegamos num estágio de involução do corpo humano. A matéria mostra dados de pessoas comuns de 10 mil atrás que superavam todos os recordes sobre-humanos de hoje, na corrida, no salto em altura, em tudo. E é óbvio que o culpado pela nossa recente inaptidão corpórea é a falta de desafios para o corpo, conseqüência da vida moderna de pipoca e guaraná. Nossos problemas não são mais a caça para comer, nem a velocidade para fugir de um predador. Nossos desafios estão cada vez mais ligados a organização social moderna. Passamos mais tempo pensando como nos organizaremos monetariamente, ou pensando em conflitos de relacionamento (seja este de qualquer tipo) com as pessoas. Ou seja, há cada vez menos problemas "tangíveis" e mais problemas de caráter psicológico, de forma crescente, como vem acontecendo nos últimos 4000 ou 5000 anos. E eu vejo duas consequências para este cenário.

A primeira é que, com o avanço da medicina moderna nos tornando vivos por cada vez mais tempo e diante do maior caráter metafísico dos problemas, haverá uma valorização maior do profissional de psicologia e psiquiatria. Os problemas estão cada vez mais no cérebro, e será ele o foco das gerações futuras. A segunda é o valor do corpo entrar em tal detrimento que será socialmente aceito apenas como suporte para a locomoção de um cérebro. Não estou dizendo que a indústria da beleza vai cair até final de semana que vem (o que poderá até acontecer daqui a alguns milhares de anos - vide que a humanidade não se destrua antes), mas é bem provável que, aliado ao avanço da tecnologia, sejamos cercados por um mercado de estímulos de sentido, principalmente imagéticos. Compraremos imagens que nos saciem os desejos mais banais, e pagaremos um extra pelo som e o cheiro. E faremos isso no nosso quarto, assistindo filmes que mostram o coito físico como era feito antes do século LX, e achando aquele contato carnal todo muito estranho. Tudo porque compramos pacotinhos de hormônios estimulantes, difundidamente vendidos, e com oligopólios nojentos nos países periféricos. Nossos problemas serão a simples falta de serotonina e dopamina e, sim, nós vamos poder comprar-las e perguntar depois para o psicólogo porque estamos viciados nessas coisinhas.

O sofrimento relativista é um tópico ligado a problematização metafísica, mas não diretamente. Na verdade, já repeti e discuti exaustivamente esse tema que parece ser óbvio pra uns e ignorados por outros. State 1: O sofrimento é relativo. É sempre errado construir a idéia de que alguém está sofrendo por besteira. Alguém que passa fome no meio da rua pode sofrer a mesma quantidade que um garoto de terno num bar à noite, de classe média alta. Basta ponderar que os fatores catalizantes da diminuição dos hormônios serotonina, acetilcolina, dopamina, epinefrina e norepinefrina de cada um não são os mesmos. Oras, não importa o que dá baixa em meus hormônios, o que importa é que eles estão baixos. Dessa forma, alguém pode se suicidar porque perdeu um grande amor, um grande pai, um pirulito da barraca da esquina, o trabalho de Dacier, que quer que seja. E ele sempre teve um excelente motivo para acabar com sua preciosa vida, porque aquilo era de tamanha importância para aquela pessoa que permitiu que ela bagunçasse os neurônios dela. A verdade é que da dor de cada um, só sabe cada um. E não importa o motivo que a ocasionou, o que importa é o tamanho e o tempo que essa dor vai durar. E se vale a pena ficar suportando ela.

A verdade é que meu objetivo com esse texto não era incentivar a faculdade de psicologia ou a carreira de ambulante de hormônios, era apenas para apontar a importância da exponencialidade dos problemas intangíveis em relação aos tangíveis em nossa sociedade, e como esses problemas são relativos o suficiente para que seja necessária uma reforma na compreensão das pessoas sobre o conceito per si de problema. Mas com isso, colegas, eu não gasto mais meus hormônios.

Lucas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

#iamthankfulfor

Não temos dia de ação de graças. É errado. É preciso agradecer. Na verdade, é preciso agradecer sempre, porque a graça já foi alcançada, quando se agradece. Agradecer, agrado, graça, tudo parecido. Pedir é um conjunto fora. Pedir almeja agradecer. Pedir a Deus é bom, Ele nos dá o que pedimos, mas agradecer a Ele, isso sim é bem melhor.

Esse ano em meu aniversário, não fiz pedidos, mas agradeci. E apaguei a vela. Um ano inteiro em branco de pedidos por aí, pela frente. Vou fazê-los, mas vou agradecê-los quando vierem. E não apenas a Deus, que me atende no que ninguém mais pode atender. Irei agradecer aos amigos e à minha família, porque provavelmente através deles é que irei ter minhas graças alcançadas.

À mamãe e à Luísa pelo amor caseiro
A Aline, pelo carinho de sempre, pelo dia a dia
A Lucas, pelas músicas, pelas caronas, pelos abraços
A Yuri, pelo companheirismo, pela alegria de carona, pelos sorrisos anestesiados ao ver companhia de dente arrancados
A Talita, pela nutella (que não foi utilizada corretamente, ok? Comi pura!) e pelas risadas
A Thaís, pelos ouvidos e conselhos, pelas noites de sábado
A Virginie, pelas novas gírias introduzidas em meu vocabulário e por Paco (e a Paco, por sua beleza)
A Ruan, pela sabedoria e pelo amor
Ao pessoal de Cardi, porque houve momentos bacanas ali
A professores, que me fizeram aprender com prazer (lista restrita, eh? Eh?)

Obrigada pela companhia. É preciso agradecer, eu agradeço a Deus por vocês e por vê-Lo no cotidiano através do amor dedicado.
Nina.

domingo, 22 de novembro de 2009

-Nossa, é mesmo? Não me diga!


Rasgando o envelope da correspondência, lembro do que pensava ao ver a premiação dos concursos de beleza. Pobre garota rica, Triste garota alegre é a Miss Simpatia. Ela não tá ali pra ser agradável ou sorridente. Não no íntimo. Lá ela quer ser a mais bonita do país, aparecer nas capas de revista, ostentar a coroa, desfilar vestidos.
O foda é que ela nem ganhou o primeiro lugar, nem o último. Aliás, que lugar ela ocupa mesmo? Quem é você na night, querida?Por acaso alguém já viu uma miss simpatia posando pra Vogue?
Percebam o dilema. Você não tem a menor aptidão à função que almeja. É a modelo que anda caindo do salto, tem as pernas tortas e o olho caído. Mas é a Miss Simpatia.
-Ah querida, que simpática que você é! Que sorriso, que graça!
E aquela criatura lá, travando uma luta filha da mãe com seu eu-nada-lírico, tentando se adequar ao papel.



É muito pensamento e pouca paciência pra metaforizar. Nessas horas vai só o pensamento solto que, acredito, fale por si só:
Provavelmente não há nada que me incomode mais que prêmio de consolação.

[Tali sobre tentativas falhas de ME agradar]

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Certidão: Poeminha à Certeza Total

Eu sei, rapaz, confesso
Que estava errado ontem,
E você certo.
Mas você não estava certo
De que eu estava errado.
Eu, desde o início,
Admiti a hipótese
De você estar certo.
Politicamente eu agia errado.
Mas estava aberto no meu erro.
Você, fechado, em defesa,
Amedrontado na sua certeza.
Errado espiritualmente
Eu estava certo,
E você, certo,
Se apoiava
Numa atitude humana viciada.
Tranqüilo, aqui estou eu, errado.
Certo, afirmado,
Certamente você está muito magoado.

Millor Fernandes

Rachel Queiroz.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Bate o sino pequenino...


Ele era cego. De nascença, coitado. Vivia tentando imaginar, de um jeito que eu nem consigo exprimir qual, as cores. A coisa mais difícil da cegueira, para ele, era não saber o que era azul, verde, branco e vermelho.

Vermelho. Ele adorava essa palavra e sonhava com o dia em que veria o vermelho. O Vermelho do mar, porque para ele a água era avermelhada e não azul como diziam.

E o dia chegou. Numa manhã ele acordou assustado porque algo de bem diferente acontecia. Era tudo muito estranho e ele tinha medo. Foram dias e dias meio amargos, diferentemente do que ele pensava, já que acostumar àquilo tudo era bem estranho. O garoto se sentia acuado, entristecido.

O pai, feliz por saber que seu filhinho podia, enfim, conhecer as cores, deu-lhe de presente um saco de pancadas, vermelho como todo bom saco de areia dos filmes, e disse para o filho que descarregasse suas frustrações ali, sempre que estivesse repleto. E o menino batia e batia no invólucro vermelho. Passava horas machucando as mãos, cada vez que via uma coisa e tinha que tocar nela para reconhecer.

Estava perto do Natal e, pela primeira vez ele poderia ver o presente. O pai, emocionado, pensou em dar algo bem marcante. -Uma bicicleta! pensou ele. E assim fez. Trouxe a bicicleta para casa e convidou um senhor fantasiado de Papai Noel para entregá-la na noite do nascimento do Menino Jesus.

No meio do jantar em família ouve-se o riso do bom velhinho. Atordoado, o menino corre até a porta e, ao ver o enorme senhor rechonchudo e vermelho, esmurra-lhe a boca do estômago. O Papai Noel cai, desfalecido, tamanha a dor da pancada (...)


Moral da história: ______________________________________________



[Tali, sobre seus momentos de Papai Noel]

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Visto a roupa e vou embora...


E eu estava ali, olhando aquele homem, na minha cama, vestido com a minha cueca. Ele ia acordar jájá, ressacado, morto de sede, de fome, de dor de cabeça. Com um gosto amargo na boca, pensando como veio parar ali, de quem era aquela cama, aquele travesseiro com cheiro de alecrim. E eu estava só esperando ele dar sinais de sono leve pra fazer algo para acordá-lo e me apresentar. Oi, me chamo tal. E a gente está onde? No meu apartamento. E de quem é essa cueca?? É minha. Não se preocupe, nada ocorreu, é que eu uso cueca. Ah. Eu não lembro nada da noite passada. Eu sei, mas eu lembro.

E eu lembrava. Aquele homem lindo, bêbado, caindo. Trouxe ele em casa, ele tropeçou, tropeçou, ficou inconsciente, eu dei um banho nele, já preparando para o dia seguinte. Botei ele na cama e nem precisei ninar. Para no dia seguinte, ele estar inteiro.

As panelas já estavam fervendo, um almoço leve e cheiroso. O cheiro inundava a casa, acho que iria chegar ao nariz dele, sono leve. Ia pensar que estava na casa de uma mulher velha, boa cozinheira. Boa cozinheira, não tão velha. E ele não estava na casa, bem, bem, estava na cama.

E ele acordou. E perguntou quem eu era, eu contei a história, disse que já que havia passado a noite e não tinha comido nada, podia ficar para o almoço, já que eu havia cozinhado para dois. E ele concordou. E eu lhe ofereci uma escova de dentes e pasta. E outra cueca, para outro banho. Fui cozinhar as verduras, o peixe e as batatas. Trouxe à mesa, em dois pratos, o dele maior, o meu, menor. Ele comeu bastante, estava com fome. Perguntou se tinha mais, depois retirou a pergunta, meio tímido, eu disse que tinha bolo de chocolate para a sobremesa, um tantinho, se ele quisesse.

E ele quis. E depois disse que ia embora, mas se ofereceu para lavar os pratos, porque não sabia como retribuir tanta gentileza, obrigado por me socorrer, um bêbado, imagine o trabalho. E eu pensando “imagine o trabalho para retribuir?”

Mas eu disse a ele que daquele jeito não podia sair às ruas, que as roupas dele estavam molhadas, porque ele entrou com elas no chuveiro, então, seria bom que ele ficasse até de noite, porque ai elas secariam e ele poderia ir decente à rua. E ele concordou. E ficamos no sofá, como estranhos, vendo séries, comentários jocosos, até que ele me perguntou se eu aceitaria um cafuné de retribuição. E eu disse que claro. E dali para beijos e carinhos um passo.

Ninei ele antes de ele ir pra minha cozinha e fazer-me um jantar de ovo+queijo+cebola, não digo omelete porque não era bem isso. Era amorfo. Mas deu energia pra continuar a noite, e acordar de manhã, com cheiro de mais omelete amorfa, que é o que sustenta o amor tupperware. Não se engane. É o mais forte, para um fim de semana de bebedeira e gratidão.



Nina, em resposta ao texto http://olhosdaverdade.blogspot.com/2009/09/homem-tupperware.html, mostrado por Yuri. Promessas, Yuri, promessas. Que venham os homens tupperware!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Fatum

“Quelle est la difference entre destin et hazard, François? Sont la même chose, ces mots ?

E François percorre a sala, como seus pensamentos, pensando em como explicar isso para mim. Não que ele não houvesse entendido bem a pergunta, naquele francês fajuto meu. Ele percorria a sala e o cérebro para dar uma definição abstrata, parce que, non, n´est pas la même chose.

E François explicou, explicou, e eu não entendi não. E ele sentou com um Larousse ao meu lado, com seu cheiro de cigarro, e me mostrou que hazard é acaso, e destin é destino. E que destino é traçado, acreditam alguns, disse ele, e que hazard é aleatório.
E depois eu lembrei que hazardous é uma palavra que significa algum risco de perigo, em inglês. E todo esse jogo de palavras me fez pensar, pensar.

François me explicou da melhor maneira. Mas eu preciso é viver o acaso, o perigo, e olhar para trás e dizer se foi destino. E aí vejo se me encaixo nos que acham que le destin est guidé par le hazard ou se acredito nas inscrições de certezas estáticas que a mim não me pertencem (e se não a mim, a quem pertencem, me pergunto?).
Mas o que importa mesmo é vivê-lo - o destino com seus acasos.






















Fatidicamente,
Nina.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

âncora prum antônio

as horas eram vagas, o dia ao meio. 'antônio antônio antônio' era só nisso que conseguia pensar o tempo inteiro. aspirou um eco que entalou na garganta. 'melhor nao falar em nó. um dia tudo se salva. tudo se selva.' era ao menos admirável saber que antônio não tinha por si completo descrédito - a falsa esperança, a boa ilusão. as horas eram tão vagas, mas o dia passava. sem restos sem rastros. uma coisa assim, um tanto de impiedade. calma. não que seja tal e qual, nem tanto. pras criaturas perdidas, uma ressalva; pras vazias, um abismo, nada, sei lá. 'queria verbalizar. não consigo. como se em mim só houvesse um eco partido. estou mudo e prolixo.' nem que batesse uma punheta pra se aliviar. antônio era onde morria a voz.

yuri

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cláudios, Ninas, Alines.

Eu já fui vários Cláudios, mas eles já se foram. Eles já não são esse Cláudio, que fala com vocês. Deles eu tirei o que eu sou hoje, mas só parte. Muitas coisas eu deixei para trás. E num futuro, eu não serei mais esse Cláudio. Eu serei outro.

E com essa fala de Cláudio Lira, saí daquela aula outra Nina, certa que em outras Ninas, assim como Cláudio, eu iria me transformar.

Nina, em reflexão a um dos tópicos de Aline.
1. Até sexta-feira.
2. Não me pergunto como estará a minha vida daqui a um ou dois anos.
3. Não me atrevo a pensar a tão longo prazo.
4. Até lá, nem serei mais eu mesma.
5. Penso em como estarei até sexta-feira.
6. É um mistério.

aline

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Wyrd Valentine


She was sharing
Flowers, baloons
Paper-made gifts, smiles,
All over school.


The sun was lighter, because of the cards.
She was thoughtful:
It was Valentine´s day; she had few people to regard
- One less than the year before.


She didn’t bother:
The feelings sang in choir
(Though all messed up) pointing to the cards


That she should write every day non-Valentine,
Until the day they die.
“Are you ok?” “I am fine, I am fine.”


Nina

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Des-existir

Desistir nem sempre é a melhor opção, Lu.
Às vezes nós temos, sim, que abrir mão de certas coisas. Mas apenas quando elas são inatingíveis ou nos são negadas. Quando não existe outro caminho a não ser esquecer.
Porém, enquanto existirem chances, por que desistir? Melhor estabelecer longos prazos. Não ser um semeador, mas um ladrilhador. Pensar por etapas.
Paciência, paciência.

aline, em resposta. http://aarvoreazul.blogspot.com/2009/09/significa-o-que.html

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O primeiro sonho

O primeiro sonho chegou. Por que ontem? Não sei se existe um motivo ou se ele é necessário. Na verdade, já estava demorando.
Minha relação com os meus sonhos é bem interessante. Quando estou confusa em relação a alguma coisa, eles costumam me apontar um caminho.
Dessa vez não foi diferente.
O que mudou? Agora eu estou mais segura do que quero, sei exatamente o que sinto. Fora isso, a minha única certeza é de que outros sonhos como este virão.

aline

domingo, 13 de setembro de 2009

Nem tudo está perdido

Cabeça, mãos, braços, ombros, busto, barriga, quadril e pés. A arte de dominar as parte do corpo separadamente. No rosto, um meio sorriso que confere um ar de mistério. Mais do que técnica, delicadeza. Leveza e sutileza. Sensualidade.

aline, sobre uma paixão

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

E de repente, pai.

Televisão ao domingo. Acordo cedo e leio jornal. Troco uma conversa com o vizinho, repito histórias que sempre contei. Falo de minhas mágoas e de meus risos. Chego em casa, depois do trabalho, e dou um beijo de leve na bochecha da minha esposa. Como o que ela tiver feito, ou o que tiverem feito. Durmo 8 horas por dia para poder estar disposto no dia seguinte. E o segundo beijo, de boa noite, no seu rosto, é o último.

Lucas.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

No meio termo

"Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca." Apocalipse 3:16.

Existem coisas que podem acontecer com muita facilidade. É como cair após se jogar de um precipício, enquanto evitá-las exige o esforço de uma escalada. Estar no meio da montanha, lutando para não cair, é o meio termo que eu sempre detestei. E é onde me encontro, brigando contra a minha própria impulsividade, que me faz ter vontade de abrir os braços e ignorar o que pode acontecer quando eu chegar lá embaixo.

aline

terça-feira, 18 de agosto de 2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Corpo


Sudore.
Haurir.
Zéfiro tépido.
Entalhes no âmago vertendo humor viscoso.
Odre sôfrega.
Expellere.


Tali.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Túnel


E acabou a energia.

Logo agora, em que ele iria ver todo o túnel iluminado, pelo qual ele esperava.
Várias luzes brancas, formando arcos que indicariam o caminho para ele, claro, leve e contrastante naquela noite.

Mas acabou a energia e o menino ficou ali, sem saber o porquê de estar naquele lugar.

A queda foi seguida de “oh!” espantado. Não do menino, mas dos adultos que não estavam ali pela luz, mas pelos filhos.
A escuridão durou 30 s.

Então o túnel reacendeu-se. Com luzes coloridas.
E o menino suspirou seu “oh!”, com um sorriso colorido pelas luzes do túnel novo.
E foi nele que andou, virando a cabeça para olhar não o conjunto de luzes brancas que inundaria o preto da noite, mas as nuances e desenhos de cores que havia naquele túnel de luz.
Nina

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

desisti de uma dor bem grande. primeiro tentei de tudo e houve pedra em qualquer caminho que houvesse. meu mistério é nenhum; espargiu-se no ar como a poeira que é sacudida de um tapete muito velho. eu, aliás, estou muito velho. e parei de me reconhecer. esgotei minhas lembranças e borrei meu reflexo. estou assim: esmaecido: amarelecido: outonal.

yuri

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Solfejo indelével

Gioconda aprendendo a ler partituras aos seis anos de idade. As notas ela lia, naquelas bolinhas pretas e brancas, e solfejava. Ela só aprendeu o que era solfejo décadas depois, mas nesse tempo, solfejava Ode à Alegria:
Mi mi fá sol sol fá mi mi dó dó dó ré mi mi

Réé

Mi mi fá sol sol fá mi mi dó dó ré mi ré dóó
Dóó

Ré ré mi


-

-

-
Mi
-

-

-

-
Mi
-

-
Réé

...

Sol sol mi

Mi fá sol sol fá mi mi dó dó ré mi ré



Dóó


Nina, feliz com a música.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sempre existe uma opção?

Eu sei que esse caminho que eu estou seguindo não é o melhor, Pedro. É, eu sei que fiz uma escolha, mas, na verdade, nunca existiu opção, porque eu não conseguiria agir de outra forma. Não sei se você vai conseguir entender... Você tem alguma vontade muito, muito forte? Como um desejo que faz parte do que você é? Então você não seguiria qualquer caminho, enfrentaria qualquer consequência, para seguir essa vontade? Abrir mão desse desejo implicaria em uma mudança do que eu sou. E eu não sei se estou pronta para mudar... de novo, em tão pouco tempo. Não, eu não quero que você se preocupe comigo. A fase mais difícil já passou, que foi tentar lutar contra isso. Agora eu estou consciente de que, enquanto eu não mudar, não existe opção. Eu só tenho que me acostumar, Pedro.

aline, durante o trabalho

domingo, 19 de julho de 2009

Souvenir de dia a dia

Amanhã é o dia do amigo. Eu sou nômade, e não me apego. Aliás, apego. Temporariamente. Mas desapego quando preciso. Mas as coisas eternas são fortes, e o que fica de verdade, fica. Amanhã é o dia do amigo e eu tenho muitos deixados pelo mundo. A amizade não é a mesma, o contato, tampouco. O cotidiano mudou, as pessoas mudaram, pensamentos, modas, cidades, gostos.

Mudou tudo.

Mas o momento congelado e bom ficou. E ele poderia ser retomado com muitos que ficaram pelos meus caminhos. Com novas óticas, novas coisas. Eles provavelmente não serão retomados, porém. Agradeço os antigos, sua contribuição para a minha vida. Lembro-me deles com carinho, de nossos momentos. Gostaria de ter escrito em outros 20 de junho e dizer a eles nesse dia quanto os amava. Mas eu devo ter dito, em outros dias de junho, de agosto, de abril. No natal, nos aniversários. Em dias de semana, de aula, de chatice. Fico feliz por não ter deixado de amá-los, e de dizer, e de demonstrar. O momento passado e vivido foi o importante.

Então, vivendo o hoje, eu agradeço pelos amigos cercanos, os amigos cotidianos. Os meus amigos atuais. Pelo que eles me dão e pelo que me deixam dar. Digo, porém, que não deveria haver data de amizade. De redenção, de reviravolta para ela. "Natal da amizade". Não. A amizade tem que ser conquistada a cada dia, vivida, relembrada, curtida, elaborada. Amizade não tem data comemorativa no varejo, não tem presentão. Ela é feita de presentinhos e lembrancinhas. De souvenirs, que em francês são lembranças e em português, lembrancinhas. É nesses souvenirs que a amizade se constrói.

Esse texto é um souvenir para agradecer a amizade de quem sabe e lerá. Obrigada por estar na minha memória, mesmo que as coisas mudem, vocês ficam. Porque souvenir a gente guarda com carinho, que são lembranças de lugares e tempos felizes. E vocês são tempos felizes.

Nina.

sábado, 18 de julho de 2009

Família rede Globo

"Querido Papai Noel,

Esse ano quero uma coisa muito especial, que estou pedindo porque não consegui fazer sozinho. Eu queria que o senhor me transformasse em uma televisão. Aham, uma televisão. Assim eu poderia ter tudo que eu quero. Teria a atenção do meu pai, que chega cansado do trabalho e não pode fazer mais nada sem ser ver o noticiário. Eu ia ter o carinho da minha mãe, que chora quando morre o homem da novela, mas não tá nem aí quando eu levo uma queda e choro por horas. Eu ia ser o motivo de vida de dona Marcia, que faz comida aqui em casa e passa horas assistindo os cozinheiros que ensinam o que tem que fazer. Até meu irmão ia lembrar de mim, Papai Noel, porque ele adora ficar assistindo filmes até de madrugada. Então, esse ano, eu não quero mais o carrinho do ano passado, nem aquela bola muito legal que o senhor me deu, eu queria mesmo... era ser uma televisão."

Lucas, lembrando como a vida o ensinou a dar valor às coisas que realmente importam.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

abstinência alcoolica

Tira a mão de mim! Já te falei nãoseiquantésimas vezes que preciso de uma porra dum espaço! Quero respirar, me deixa! Não suporto te ver plantado tal qual uma sequóia bem em minha frente. Quero passos largos, abrir os braços, me sentir livre. Para de tolher meus instintos. Já chega! Não põe mais esses olhos de reprovação sobre as minhas atitudes. Eles não me importam, seu puto! Caralho, que inferno, para de agir assim. Eu sei que posso estar fazendo muito mal a ela, mas to pouco me fodendo pra isso. Aliás, tô sim. Tô me divertindo com isso, saca? Sexto sentido não falha, amigo, ou ela ou eu. E, claro, vou me livrar daquela vadia tão logo a poeira abaixe. Não me toca! Vai se sujar de sangue. Róseo. Vermelho. Rubro. Púrpura. Escarlate. Quase intenso. Ainda vivo. Tô te protegendo, entende? Não te quero envolto nessa teia. É coisa minha.Você me conhece, sabe que preciso mastigar cada mazela. Sangue é bom, revigora.Tá, tá. Não fica mal, meu velho! Falo montes de merda, eu sei. Mas eu gosto de você. Gosto mesmo. Você não entende o corpo quente, mente sã, meu lema. Eu compreendo você. Vou refletir melhor sobre isso, cacete. Culpa sua, seu maldito filho da puta. Traz mais um copo. Vamos beber até cair. A noite é longa. Vingança? Ah, sim. Penso nisso amanhã. Tu é foda, cara. Dá cá um abraço. Garçon, aquela que desce redondo!


Tali: não bebe, não fuma e não dança.

sábado, 11 de julho de 2009

Nesses tempos nossos

O pobre é o novo rico
O carro, o novo trem
E o caro é o novo barato.
O quê, o novo quem
O robô, o novo cão
A fumaça, o novo ar
O verde é o novo preto
A piscina, o novo mar
O computador, novo irmão
O rápido, novo devagar
O feio é o novo bonito.

Nina, fazendo poesias com aforismos diários do G5.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

nem tudo que dói é espinho

cristina, cara, deixa eu sentir saudades de você, deixa? porque até o ruim em se sentindo é bom - saber que se é vivo, me entende? não é que eu não goste de você - gostar gosto e muito - diria assim que te amo - talvez até que você é essencial. mas você há de convir, cristina, que cada um cada um; nem só você deve me vir, e eu também, me entende, cristina? nem chorar nem dramar, nada que adiante, "contenha suas emoções!", sabe? saber jogar, saber lidar. amor nem é só amar; há doses, cristina, eus e vocês, há o certo da mistura que é pra não deixar passar do ponto - não te estragas, não me estrago. mas não venha aqui, aproveitando a brecha, a fenda, a falha - você como sempre uma excelência em sentires - me acusar de não ser intenso. pois que sinto muito e numa tal intensidade que prefiro manter segredo a respeito; você sabe, sabe sim, que há o intenso e o exagero: você está quase cabendo numas extravagâncias, cristina. desculpe assim ser sincero: veja bem você que às vezes até amando a gente fere. e eu sei que você sabe disso: você sabe é muita coisa: só que não diz nada - aliás diz ardil e isso não gosto. cristina, ame aos pouquinhos, eu sei bem que você consegue repartir.

yuri, em co-autoria com nina. dedicado a mim.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Eram todas as vezes...

Os olhos, antes ágeis e brilhantes, marejaram. Tão logo vimos seu rosto repleto de gotas. Não, não estou chorando, se apressou em dizer Antonia. São as lentes, eu as tirei antes de vir pra cá. Tudo bem, senhora, disse o mestre, logo te darei uma poção e não haverá mais lágrimas. Vai doer? perguntou a moça impaciente. Um silêncio pairou sobre a sala escura. Vai, eu sei que vai, pensava ela. Num canto da sala, um discipulo rabiscava pequenas fórmulas, enquanto outro acompanhava o mestre. Este, por sua vez, tinha em mãos um pequeno caldeirão, com um líquido escuro, que logo ofereceu à garota. Isso vai me fazer dormir? disse Antonia, num sobressalto. Só um pouco, logo você estará livre, falou o mestre no auge de sua paciencia. Ela dormiu, sonhou e não acordou. Nunca acordamos. É sempre outro de nós que nasce a cada manhã. Bom dia pro meu novo eu. Adeus pro meu eu de ontem. Não sinto saudades, nem ansiedade. É só um ciclo.


Tali, voltando à ativa.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Deu um amanhecer violento, e não mais podia dar.


A amiga Aline fez o seu adendo azul, em um texto mais abaixo. Azul me lembrou a tranquilidade medíocre que têm as pessoas... tranqüilas.


Mas eu concordo com Aline, e não gosto da tranquilidade, do morno, do meio. Quero mais é o fundo e o céu, o inferno e a terra.


Piscina rasa não dá emoção. Primeiro andar não dá emoção. Viagem para Quipapá sem amor no interiorrr, não dá taquicardia. Sem taquicardia, sem emoção.


Perguntem a Aline o que é o azul. Ela dirá que azul é ruim. Não é a sua cor preferida. Aline prefere um céu em fogo, nascendo ou morrendo, flamejante e violento, do que um azul com nuvenzinhas, passarinhos, azul celesta/azul bebê todo dia. Não é o céu a questão, na realidade.

E sou como Aline, que prefere o sol e suas nuances do que aquela imensidão tranquila e azul.


Melhor um "amanhecer violento" ou um "sul, vertiginosamente azul, azul"(/carlospenafilho).


Errata: azul, paradoxalmenteee é a cor preferida de Aline.
Nina, em um momento preto e branco.

Doeu?

"Ninguém conhece essa dor de escritor, Cristina. A gente passa três madrugadas. A primeira é sentindo uma dor por não sei quem, ou não sei o que. Aí vem a segunda madrugada que ainda dói e que você sente que precisa escrever pra expurgar isso. E vem a terceira, que a gente rasga quatro blocos inteiros porque acha que ninguém vai entender o que você está sentindo, naquelas palavras. Quando você finalmente acaba essa codificação de sentimento em um pedaço de papel, você mostra pra alguém. Alguém querido. Aí vem essa pessoa e fala: 'Tá bom'. Ou ainda 'tá ruim'. Caralho, literatura não é comida. Eu não quero saber se tá bom ou se tá ruim, eu quero saber se doeu".

Lucas, numa conversa de seu eu-escritor com seu eu-leitor.

Azul

Será uma contradição achar que uma cor transmite tristeza e ao mesmo tempo gostar tanto dela? Parece que eu gosto de sofrer. Masoquista, disseram.
É verdade que a tranqüilidade me incomoda, me sentir “ok” me incomoda. Sem grandes tristezas nem grandes felicidades. Você devia viver em uma montanha russa, me disseram.
Não acho que gosto de tristeza...
Eu acho que não gosto de tristeza.
Mas gosto menos ainda de não sentir algo intenso. Estar morna. Talvez por isso eu seja tão dramática. Exagerada, já me disseram.
Me dizem muitas verdades.

aline, devaneando

terça-feira, 30 de junho de 2009

da maior importância

- nem me apresso em explicar-me.
- não. de novo não.
- de novo não o quê?
- esse seu jeito sonso de virar o jogo e fazer a vítima.
- qual o quê? o problema em você.
- que seja, que seja, que seja...
- você me comprou escorpião. devia saber.
- te esperava intensa. não astuta.
- que seja, que seja, que seja...
- só porque netuno e mercúrio estavam em conflito e não pude, então, arriscar uma intuição.
- qual nada. o problema em você. e tenho dito. teu jupíter se opondo a saturno lhe endurece o juízo.
- me dá siso.
- perde teus risos. dissolve o que germina em alegria.
- ...
- sumiu outra estrela. sentiu?
- não. de novo não.
- de novo não o quê? o problema em você?
- oxalá na próxima encarnação teu peixes evite uma casa 6. vá pro inferno com sua crítica!
- sou bicho imprestável, podre desde a raiz. todo lugar me concede controle. iniciaste perdendo.
- viu meus cigarros?
- hein?
- VIU MEUS CIGARROS?
- pra quê esse áries gritando?
- tá sabendo que eu cansei? vou pular fora.
- SAGITÁRIO-GEMÊOS! vai te foder com esse impulso impensado!
- que seja, que seja, que seja... quer um? é mentolado.
- me venha sem saber/se sou fogo/ou se sou água
- pro inferno com angela rô rô! vai ou não, querer os cigarros?
- não, de novo não. de novo não o quê?
- o problema em você. assim é que amo.
- como?
- nem me apresso em explicar-me.
- que seja, que seja, que seja... seja.

yuri

A triste história da menina que se chamava Tréia.

Era uma vez uma menina que se chama Tréia. Sem brincadeira. A mãe dela conseguiu ser assim, tão estúpida. Por falar nisso , por que sempre culpam a mãe, e não o pai, pelos nomes horrorosos que colocam nos filhos? Acho que é uma questão machista mesmo. Ou porque mães é que compram aqueles dicionários de nome, não sei.

O que importa é que o nome da menina era Tréia. Quando tinha 5 anos, ela ganhou seu primeiro apelido: diarréia. Todos riam da pobrezinha. Já não bastava o nome, ela ainda usava trancinhas e um vestido quadriculado todo dia, mesmo quando não era São João. Isso também virou motivo de chacota, principalmente no dia de réveillon. Ela era o único ponto quadriculado no meio de tantos brancos na câmera panorâmica da Tv Globo. Até Pedro Bial tirava onda da menininha.

Quando fez seus 15 anos de idade (e 10 de vítima de chacota) fugiu de casa e montou uma barraca de cachorro-quente que fez muito sucesso; tanto que virou uma rede de Fast Food. Aí ela, inteligentemente, batizou o lugar de Tréia’s Burgue. Depois disso, faliu em uma semana.

Ela notou que todo o azar e todo o agouro que a perseguia era por causa daquele maldito nome. Não importava o que ela fizesse, o nome ia de encontro a ela. Então ela resolveu que ia mudar. Sabia que o mundo girava e que o mundo é uma bola. Pintou o cabelo, se valorizou, foi pra academia, malhou, malhou e mudou o seu nome no cartório para Zefa. Desde então, Zefa nunca mais foi Tréia. E nada melhor pra eu estrear um blog, do que contando a estória da “Ex-tréia”. Uma feliz ex-tréia pra você também :D.

Lucas/Chu.

Laço.

Havia uma menina que, de tão esperta, parecia adulta. Enquanto os adolescentes ainda brigavam por amenidades, ela parecia bem alheia a tudo isso, observando os acontecimentos com olhar superficial, como se aquilo fosse pouco interessante. Tinha dificuldades, é bem claro. Muitas coisas a incomodavam, mas não eram grandes o suficiente para fazer com que ela mudasse seu modo sereno de lidar com a vida. Achava tudo muito trivial. Às vezes ia ao aniversário dos amiguinhos ou a festinhas no play, adorava. Noutras, preferia ficar em casa, sozinha, lendo alguns contos da coleção Jabuti. Como eles eram legais! Nesses dias de solidão, ela também se divertia com desenhos, pinturas. Até sentia falta dos amiguinhos da escola, mas sabia que era bom ficar algum tempo sem eles. A volta era sempre uma festa, brincavam até tarde.
A menina não cresceu. Se negou a viver o mundo adulto. Continuou doce como um punhado de balas, embora, às vezes, fosse azedinha como uma torta de limão. Ainda hoje, todos que a veem comentam sua graciosidade e não entendem como, apesar de tudo, ela não mudou. E nem deve mudar.


Tali, metaforizando uma amizade.

Computador almofadinha

Quando a gente viaja sempre quer botar na mala o paninho, o travesseirinho, a almofadinha, o ursinho, para levar um pedaço da casa com a gente, para cheirar, se aninhar e se sentir mais confortável, menos só. Mas em épocas tecnológicas, nada melhor do que levar um laptopzinho para deslocar um pouco do lar para onde quer que você vá.

Digo eu que levar todo o aparato seja melhor por ter fotos, música, jogos e filmes por perto. Outro aparelho que armazene tais informações também serve. E o melhor de tudo são esses sites onde você pode por a vida em bites e acessá-la de todo lugar.

O MSN também é uma coisa mágica. Uma caixinha intinerante – um em cada lan house ou computador alheio – onde dá para encontrar os amigos para um papo bacana, regado a ciaos-ciaos de webcam. Ter os amigos onde quer que se esteja é algo maravilhoso. Não se está mais só, completamente, com essa tecnologia.

Ou seja, hoje não é mais preciso ter um pedacinho singelo do cheirinho de sua casa, para se sentir mais no seu lar. É possível ter a rua na sua casa, ou sua casa em outro lugar do mundo. Fazer do lar qualquer lugar, com esses maravilhosos gadgets, que tornam o mundo mais igual em seu particular onde quer que se esteja.
Nina, em momentos de viagem apenas na tecnologia.

Experiência Estética

A caixa azul do meu sonho hoje guarda lembranças de um tempo que passou. Talvez a época mais feliz da minha vida, com certeza uma época extremamente feliz. Dois meses que me pareceram vários anos...
Dentro da caixa estão duas cartas, um livro, um par de chinelos, uma foto, um lenço e uma rosa. A rosa vermelha mais linda que eu já vi. Parecia de mentira quando a ganhei da pessoa que despertou em mim a paixão mais intensa que já senti em toda a minha vida permeada por paixões sempre muito intensas. Paixões sempre tristes.
Após os dois meses de extrema felicidade, dois meses de desespero. Sofrimento desconhecido por mim até então. Até que, enfim, tudo passou, todos os sentimentos. Não restou absolutamente nada daquele período que me pareceu constituído por anos além da caixa azul e o que conservei guardado nela. Uma pena.
A rosa secou, mas permaneceu inteira durante todo esse tempo. Secou como a nossa relação, que não poderia mesmo dar certo. Uma relação desequilibrada, sustentada por uma paixão que não era correspondida.
Após semanas de indiferença, voltei a abrir a caixa. Nada aconteceu. Aqueles objetos me despertaram lembranças, mas lembranças que não despertavam mais sentimento algum. Peguei a rosa e ela se desmanchou na minha mão. Choque. Uma reação inesperada logo para mim, que sempre acreditei que me conhecia muito bem. A rosa estava muito seca, prestes a se desfazer. Apesar disso, minha mente de repente se esvaziou e eu só consegui permanecer olhando para o que restou da rosa mais linda que eu já vi em minha mão. Após o choque, passaram por mim em um segundo todos os sentimentos que quatro meses de extrema felicidade e extremo desespero despertaram. Carinho, paixão, decepção, tristeza, raiva. Chorei como não chorava há muito tempo. E sem entender o motivo. Ainda não entendo.
Talvez eu não me conheça tão bem assim.

aline, algumas semanas atrás

Piscianidades

a gente sabe que ultrapassou a mera amizade quando começa a inventar as pessoas. a gente inventa chus e corações. se não no nome, no passo, na dança de aline. ou no puro charme de rachel ser nina. dá um jeito de combinar um punhado de fogo e outro de água - inventa-se até o impossível. pura criatividade de bicho mais que amigo. e de tanto inventar, acaba-se por trocar braços, pernas, mãos e pés por lucas, aline, nina e talita - não respectivamente. a gente sabe que ultrapassou a mera amizade quando, ao inventar outros, acaba se inventando mais uma vez.

yuri