sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Técnica metafórica

vou copiar e colar silêncios
e sincronizar a fala dele
no meu silêncio.


nina.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

exaustor

estava cansado porque corria sem ter medido antes a distância do percurso, e, uma vez dada a largada, era obrigatório seguir sem desfalecer naquele ritmo acelerado. estava correndo num fôlego desmedido, e quando pensava não ser possível uma chegada tão longe, as raias da pista indicavam que havia muito chão para correr. talvez estivesse indo para uma sagração muito divina e muito além que recompensasse com a notoriedade necessária a quem não precisa mais que sossego, que recompensasse o sangue o suor a preocupação. corria porque viver não era preciso mas chegar num lugar legal mais ou menos idealizado no mais escondido sonho, aquele que a gente não ousa sequer admitir a si mesmo, no entanto procede em persegui-lo. corria voraz apesar do cansaço até que então tropeçou numa dor e era uma dor tão confusa, dessas que pega a gente de surpresa, tipo quando se bate o cotovelo na quina da estante, o joelho no tampo da mesa. era dessas dores que a gente tem quando corta o pé o dedo, espeta na roca no espinho, fica com medo de tirar o resto de qualquer coisa que ali entrou, mas também não consegue dormir porque lateja, incomoda, lhe obriga a mudar a posição que melhor embala seu sono.

parou por necessidade. o coração não cabia em si. estava sujo, e percebera isto pela primeira vez. sentia, entretanto, os olhos da plateia que acompanhava sua queda. por vício, levantou-se, dessa vez em outro compasso, mais vagaroso. via passar os concorrentes, pensou em seguir na correria, mas a ferida lhe apertava. ouvia vaias? que fosse. o fôlego chegou ao final. parou. quem sabe na próxima corrida tivesse mais sorte.

yuri
(pra ler bem rápido)
(e sem critério)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Poeta mecânico 1.1


Tivesse minha máquina um grito,
Estaria o grito aqui, neste papel
A poesia é criada como havia predito,
Ensinei-lhe a imitar um menestrel

Assim, vejo o mundo mais bonito,
Mais doce do que o mais puro mel,
Pois ela grita por todo o infinito,
Sobre sentimento, fraterno ou infiel

Mas como ela não escreve, nem digita
Não pensa, não sente, só imita,
Este grito... É da máquina ou meu?

Não importa, já não mais omito,
A chave da poesia não é o grito,
Pois o sentimento... É o teu.


Este soneto foi escrito por um software, uma máquina, um algoritmo. O
texto está inerte até que o leitor o interprete e tire daí um
sentimento, emoção ou significado.

O software foi feito com um dicionário de rimas, um thesaurus e
algumas linhas de código utilizando técnicas de inteligência
artificial. Foi alimentado com dezenas de poesias famosas, buscou
formar versos aleatoriamente dentro de um tema e recebeu uma ajudinha
minha na exclusão de versos ruins e na manutenção da coerência.

Criei este programa para lembrar que o sentimento não depende tanto de
quem escreve, mas principalmente de quem lê. Fiz a tal “parada
contraditória, aleatória e dadaísta” de “gerar poesia do computador”.

Henrique Borges, postado por Nina.