quinta-feira, 25 de novembro de 2010

#thanksgiving

Eu sou grata pelos amigos que passaram por aqui, seja o aqui um lugar de fluxo e atemporal.
Obrigada até pelas brigas e partidas, que constroem nas pessoas.
Agradeço, sobretudo, às gentilezas de quem é gentil, assiduamente ou não. A percepcao da gentileza é a minha maior gratidão, neste ano.
Obrigada ao tempo que se vai e à sua imprevisibilidade das próximas gratidões. Na imprevisibilidade estão as surpresas, boas ou más, que nos transformam e nos fazem evoluir.
Feliz thanksgiving.
Nina.

sábado, 6 de novembro de 2010

Sentimento derretido



Quando se conhece há uma semana, se procura todo o tempo.



É festa de olhar, é brisa de sorriso.



É preciso atrasar e adiantar rotina para manipular o acaso.



Toda palavra, toda gíria e todo riso é canto.



Quando se vê pouco, o tempo tem que ser bem gasto.



Porque ele já vai cedo, mesmo que o reencontro tenha vindo tarde



Cada segundo precisa ser preenchido, porque é finito.



As utopias vão sendo desconstruídas pelo tempo.



O tempo é uma fera que derruba, arranha e arde.





Nina, que ainda mantém uns poucos Cesares que o tempo não consegue derrubar.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Damas, valetes, ases e o vento.

O castelo de cartas estava imóvel (finalmente) mas ninguém podia ouvir música alto, ou bater na mesa, ou soprar forte. As janelas estavam fechadas, e nem ventando estava.

E todos com calor, e todos felizes de terem terminado aquele lindo castelo de cartas, até que alguém disse “e um pôquer?”, e olharam com rechazo, absurdo, depois de tanto tempo até conseguir aquela façanha. E o pôquer?, repetiu, mas a gente não ia se reunir para jogar pôquer?

Ele foi mais para lá, abriu sua cerveja, abriu a janela para fumar um cigarrinho. E nesse momento bateu um vento, e abanaram os braços para dizer “fecha a porra da janela!”, mas já era tarde. Passou a brisa, derrubou o castelo do pôquer. E todo mundo triste, todo o trabalho no lixo, e ele disse “beleza... Agora... vocês vão refazer, ou a gente pode jogar pôquer?” e todo mundo triste, e todo mundo no chão, mas Fulana disse “pode ser burrinho? Eu não sei jogar pôquer.”

Vá lá. Uma partida de burrinho, uma de pôquer, e mais tarde, bem ébrios, a gente reconstrói um castelo, de latas de cerveja. Que latas de cerveja são mais estáveis. E cartas de baralho, essas são mais versáteis.


Nina, de presente para Aline.

Para ouvir lendo, Suite Royale, da Maison Tellier! http://www.youtube.com/watch?v=Ih_jJ0kWmcI

Suporte para livros

Dois suportes para um livro. Dois suportes para dois livros. Dois suportes para três . Dois suportes para quatro. E logo, para vinte. A mesma ética para tantos pecados, de tantas páginas. Por mais diversas que sejam suas notas de rodapé, suas aspas e suas observações. E tanta gente limpando suas estantes com álcool em pano úmido. Tentando ser fiéis, mas estão trapaceando, traindo e mentindo.


Lucas.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

pra quem vira a esquina

olha, eu posso até te mandar embora, mas nunca vou tirar a cópia das chaves debaixo do capacho, só pelo vício de te ver voltar e abrir a porta, olhar as horas, limpar os pés e me procurar pelos quartos, pelos corredores, pelas varandas. o amor é isso, todo torto, todo espinhoso, é uma flor bela e cheirosa, mas tem seus espinhos, atrai insetos que te picam e envenenam, é uma moeda que gira que gira que gira, meu amor é isso. mas você, sabe-se lá por qual encanto, por qual sorte, por qual sina, nunca rejeita, nunca maltrata a flor vaidosa, que ora enaltece ora humilha, ora afaga ora pisa, você vê no início do dia que eu, quando olho o espelho, em troca cedo um olhar sem sonhos à contemplação, e parece que te basta como desculpa, como se isso soprasse o arranhão de minhas unhas. meu amor é isso, espécie de ouriço, remédio pra tosse, dose de ócio, oásis de tédio, vício. de ouvir atrás da porta o murmúrio dos teus passos, se agachando pra apanhar as chaves debaixo do capacho.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Silogismos falhos

Eu estou meio desafogando aqui porque desde ontem eu vejo esses argumentos que nem tem contra-argumento porque ele em si já é estúpido. Daí eu não gasto meu latim para contra-argumentar.

Em uma feliz saída com meus antigos colegas de colégio, estavam falando de tropa de elite, de que direitos humanos é balela, e de que bandido tem que morrer mesmo.
Eu fiz o Ahn, ahn...
E falaram, ah, é, Nina não é dessas, ela é de humanas.

E é, gente. Poizé.

O problema dessas argumentações imorais é que elas são tão imbecis, tão deglutiveis que todo mundo engole. Daí fica todo mundo sem realmente pensar no que está dizendo e repete, repete e tem seguidores.

As pessoas não enxergam o Outro. Mas elas nem tentam, dependendo do outro:

É bandido, joga no Raso da Catarina, diria uma mulher admirável que conheço. Isola, tira da sociedade. É nordestino, afoga, diria @mayarapetruso.

Isso é tudo farinha do mesmo saco. É por conta de pessoas assim que atrocidades encontram justificativas. É por conta de argumentos desses que matar o Mau é bom, quando ensinaram a nós que matar não deveria ser bom nunca.

Esses silogismos, que encontram força na sua falha, são o que move o mundo atualmente.

Nina, ainda indignada com o que a rodeia.

Yet we are proud we beat the Nazis?

Nessa monótona segunda feira, feriado estipulado, vim ao Twitter e me deparei com esse tweet da @alesie: caralho, que gente horrorosa .

E eu li, e comecei a rir. Porque, na verdade, eu não consigo muito bem lidar com tamanha ignorância.

Lembrei-me de uma situação onde um bairrista de barretos (que fonética!) dizia ter orgulho de ser barretense. Dizia, em uma mesa, que o nordeste era um atraso.
Estavamos eu, Julia, (uma cearense apartada de seu país e de sua região, que morava na Africa), e Orhan, um inglês de origem turca.

Tudo isso em uma comunidade internacional.

Sim, o barretense fazia sua verborragia em um inglês primário, dizendo que o nordeste era a escória e que era só esmola e que são paulo era como a Europa e que o nordeste era como a África.
Júlia disse que, para início de conversa, ele nem sabia o que era a África.
Eu e Júlia, na verdade, não conseguiamos rebater os argumentos porque eles eram tão fluorescentemente imorais que eram ridículos por si.

Orhan apenas dizia "oh my! Really?" Com o seu sarcasmo que alguns notavam. Não nosso bairrista raso.

Não vou me delongar em tal historia, mas o que eu tiro disso é que nem sempre é possível argumentar. O problema é o vácuo do bairrismo, que não deixa o que não é aceito preliminarmente entrar na mentalidade hermética de seus indivíduos.

Essa iniciativa, do link, é uma vitrine de um povo hipócrita.


O/a @vovo_panico, que reclama que o sul e sudeste terá de trabalhar mais 4 anos para manter o bolsa familia, e é seguido/a por mais de cem mil pessoas. Ídolos, ídolos, sempre atrás da :V sábia palavra, da ética, né?

Já a @mayarapetruso diz que nordestino não é gente, fazer favor é de matar um nordestino afogado. A gente não é gente. A gente nem tem alma. Será que a Mayroca estudou e ficou chocada com tal argumento usado com os escravos? ai, essas coisas retrógradas!

O @henrigpierre diz que só é feio quando a gente fala mal de Nordestino. É não, querido, é não! É feio sempre, com qualquer um. O problema é que quando se fala mal de nordestino, o negócio realmente é sério. Existem irmãos seus que de fato fazem nazismo pelas terrinhas, e isso precisa ser combatido. E a gente não se sente menor, e por isso se ofende. A gente se ofende porque quem fala, não sabe o que diz.


É mentalidade assim, pessoal, que a gente combate. Mas isso eu sei, você sabe. Com quem não sabe, a gente faz que nem o Orhan: toma um chá e diz "I know, I know. He does not know what he´s talking about. He´s ignorant, he thinks he´s seen it all, but he has not. Dont worry..."
É, Orhan. Você sabe como é, esse povo que acha que há melhores e piores, que diferencia preto de branco, sul de norte, turquia de inglaterra, não sei por que critérios.

Nina, que sabe que o mundo é grande e que tem babaca em todo lugar.
Para ouvir lendo - http://www.youtube.com/watch?v=lmSgP711jfI A irônica Arbeit Macht Frei dos Libertines:

"Her old man
He dont like blacks or queers.
-Yet he´s proud we beat the nazis?
(How queer...)"