estava cansado porque corria sem ter medido antes a distância do percurso, e, uma vez dada a largada, era obrigatório seguir sem desfalecer naquele ritmo acelerado. estava correndo num fôlego desmedido, e quando pensava não ser possível uma chegada tão longe, as raias da pista indicavam que havia muito chão para correr. talvez estivesse indo para uma sagração muito divina e muito além que recompensasse com a notoriedade necessária a quem não precisa mais que sossego, que recompensasse o sangue o suor a preocupação. corria porque viver não era preciso mas chegar num lugar legal mais ou menos idealizado no mais escondido sonho, aquele que a gente não ousa sequer admitir a si mesmo, no entanto procede em persegui-lo. corria voraz apesar do cansaço até que então tropeçou numa dor e era uma dor tão confusa, dessas que pega a gente de surpresa, tipo quando se bate o cotovelo na quina da estante, o joelho no tampo da mesa. era dessas dores que a gente tem quando corta o pé o dedo, espeta na roca no espinho, fica com medo de tirar o resto de qualquer coisa que ali entrou, mas também não consegue dormir porque lateja, incomoda, lhe obriga a mudar a posição que melhor embala seu sono.
parou por necessidade. o coração não cabia em si. estava sujo, e percebera isto pela primeira vez. sentia, entretanto, os olhos da plateia que acompanhava sua queda. por vício, levantou-se, dessa vez em outro compasso, mais vagaroso. via passar os concorrentes, pensou em seguir na correria, mas a ferida lhe apertava. ouvia vaias? que fosse. o fôlego chegou ao final. parou. quem sabe na próxima corrida tivesse mais sorte.
yuri
(pra ler bem rápido)
(pra ler bem rápido)
(e sem critério)
não foi falta de sorte. foi somente o que era preciso pra se tocar de ir no rítmo da felicidade
ResponderExcluirpor isso eu levo a vida devagar, pra não faltar amoooor {:
ResponderExcluirnina.
Como é que tu avisa que é pra ler rápido e sem julgamento no fim do texto? x_X ahuahuahuauh
ResponderExcluirO fim foi cinematográfico.