domingo, 27 de fevereiro de 2011

J'ai trouvé des amis


J'ai trouvé des amis
Man trouvé des amis
J'leur ai donné un peu d'mon âme
Man un peu d'ma vie, oui !
Si tu savais tout c'que j'leur ai pris...
J'ai trouvé des amis
Man trouvé des amis


Eu encontrei amigos, canção tão linda, tão linda, que eu quis deixar de amor por aqui.
Nina.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Não se case tão cedo.

A aliança é de ouro, e de ouro é a espera.

O tempo é outro, os trinta são os novos dezoito.

Não case tão cedo.


Espere um pouquinho, para a gente casar junto

Eu, você, seu marido e o meu, sua esposa e a minha,

De brinde os nossos filhos, nosso PhD,

A gente divide até o bolo de casamento.


E daí a gente divide a juventude até lá,

Divide a estrada,

Divide o apoio,

divide um vinho de vez em quando.


Espera um pouco antes de fazer a cerimônia,

E faz uma lua de mel consigo,

Ou duas, ou três,

E volta pra me contar.




Nina, que não escreveu esse texto para Aline.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Kairos

Chocolates gosto-de-geladeira (ou quem guarda com fome, o rato come)

Não gosto de quem deixa pra comer chocolate especial em data especial. Compra ou ganha uma caixa de lindt e diz “vou guardar pruma ocasião”. Uma ocasião, uma oportunidade para matar a água na boca que surgiu ao ganhá-lo.

Aí guarda na geladeira, e o chocolate pega gosto de geladeira, e o tesão já foi quando, naquele jantar-ocasião, você abre o chocolate, finalmente, e come. Ou não come, porque ele foi comido antes do jantar-ocasião, pela visita que (como você) adora! aquele chocolate.


Vivendo o depois agora

Tem gente que deixa pra viver o agora depois. Salva o hoje para vivê-lo plenamente amanha. O amanha mais próximo é o hoje, e vivendo desse modo, as pessoas postergam suas vivências sem perceber.

Kairos

Existe um deus para o tempo oportuno. Os gregos o chamam de Kairos, e ele é representado por um homem com asas nos pés e nas costas, uma tesoura na mão direita, cabelos longos na frente do rosto, embora o resto de sua cabeça seja careca.

A alegoria da forma do Deus representa a fugacidade do momento oportuno. O deus passa pelos homens sempre a correr, e quem avista nele a sua oportunidade deve pegá-lo pela frente, por seus cabelos, porque quando ele passe, não há como alcançá-lo novamente.


Para ouvir e pensar: Le Temps, de Tryo

Para assistir e pensar: Paris, Je T´Aime - Place de Fêtes


Nina, fervorosa devota de Kairos.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Nó d´Edelweiß


Há poucos dias foi dia de São Valentim. A única mensagem que recebi foi retribuída não por mim, mas pelo mundo.

Retribuí a minha mensagem de São Valentim ao colher duas flores para dar para a pessoa em questão, equilibrei ambas no ônibus. Estava eu de pé, e aí vagou uma cadeira, ao lado de uma menininha.

Sentei, a menina olhou para as minhas flores. Dei uma para ela, e ela sorriu de volta. Ficou fazendo bem-me-quer, mal-me-quer com a flor que eu dei. Fez que era um esguicho de perfume, e disse à mãe que estava perfumada. Eu e ela sorrimos, sem dizer nada, a viagem inteira.

E hoje, finda a história da menininha e sua flor, uma moça passa pela janela do meu trabalho, olha para mim, faz uma pausa da caminhada, volta e sorri, e continua andando. Eu retribuo o sorriso, e continuo a trabalhar.

Escuto umas batidas na porta, e quando atendo é a moça da janela. Ela me diz "oi, bom dia... olha, nem conheço voce, mas eu te vi um dia desses no onibus" - ai eu vi que ela tava com uma flor na mão, que nem aquela do dia de São Valentim - "e vi que voce deu uma flor dessa para uma menininha" e eu "é, é!" e ela "pois é, a gente vê assim, era uma menina mais carente, ela ficou olhando a sua flor" e eu "é, eu tava com duas", e ela "é, e ela ficou tão feliz em receber, né?" e eu "é"

"continue assim", disse a moça para mim.


esse tipo de gentileza e atenção, da minha flor, do elogio da moça que eu nem sei o nome, de ela ter percebido meu ato, são essas as coisas que nos levam a viver. São por essas coisas pelas quais vale à pena viver. É pelo nó na garganta que eu senti, ao escrever esse texto e perpetuar o nó que senti de manhã com o reconhecimento da moça.

Vale a vida pela gentileza entre os homens, quase inexistente porque hoje eles se degladiam por não dar flores, não receber sorrisos, não repassar a gentileza que recebem, de um jeito ou de outro, em viagens de ônibus de meios de semana.

Nina, que dá flores a amigos e a desconhecidos.
Na foto, o Edelweiß que proporcionou toda essa história.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Silêncio

Sem chau; Sem recado, nem aviso. Sem telefonema, nem SMS, sem e-mail. Sem devolver as chaves, sem buscar a escova de dente. Sem desculpas, nem justificativas. Sem acusações e motivos. Sem um tapa, sem soco, nem gritos. Sem mentiras, nem verdades. Sem diretas e indiretas. Sem abraços, ou beijos, ou apertos. Sem bom dia, nem palavrão. Sem olhares, ouvidos e bocas. Sem vinganças, mas sem piedade. Sem direitos e deveres. Sem sinais.


Apenas adeus.


Lucas.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cinépoème

La vie est belle:

L´argent de poche,

Les poupées rousses,

L´amour en fuite,

Et après,

Le libertin.


Nina, que dedica esse poema (composto de nomes de filmes) a quem o compreender e aos cinéfilos .

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Inferno

Nos tempos coloniais, Palenque foi o santuário de liberdade que, selva adentro, escondia os escravos negros fugitivos de Cartagena das Índias e das plantações da costa colombiana.

Passaram-se os anos, os séculos. Palenque sobreviveu. Os palenqueiros continuam acreditando que a terra, sua terra, é um corpo, feito de montes, selvas, ares, gentes, que respira pelas árvores e chora pelos arroios. E também seguem acreditando que, no paraíso, são recompensados aqueles que desfrutaram a vida, e no inferno são castigados aqueles que não obedeceram a ordem divina: no inferno ardem, condenados ao fogo eterno, as mulheres frias e os homens frios, que desobedeceram as sagradas vozes que mandam viver com alegria e paixão.

Eduardo Galeano, na Escola do Mundo ao Avesso.

Nina, que espera que ninguém arda no inferno, aqui ou lá.