terça-feira, 7 de julho de 2009

Eram todas as vezes...

Os olhos, antes ágeis e brilhantes, marejaram. Tão logo vimos seu rosto repleto de gotas. Não, não estou chorando, se apressou em dizer Antonia. São as lentes, eu as tirei antes de vir pra cá. Tudo bem, senhora, disse o mestre, logo te darei uma poção e não haverá mais lágrimas. Vai doer? perguntou a moça impaciente. Um silêncio pairou sobre a sala escura. Vai, eu sei que vai, pensava ela. Num canto da sala, um discipulo rabiscava pequenas fórmulas, enquanto outro acompanhava o mestre. Este, por sua vez, tinha em mãos um pequeno caldeirão, com um líquido escuro, que logo ofereceu à garota. Isso vai me fazer dormir? disse Antonia, num sobressalto. Só um pouco, logo você estará livre, falou o mestre no auge de sua paciencia. Ela dormiu, sonhou e não acordou. Nunca acordamos. É sempre outro de nós que nasce a cada manhã. Bom dia pro meu novo eu. Adeus pro meu eu de ontem. Não sinto saudades, nem ansiedade. É só um ciclo.


Tali, voltando à ativa.

4 comentários:

  1. É engraçado flor, eu acho tua narrativa tão cinematográfica... =)

    tá muito bom :D
    :***

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  2. Gostei!^^
    Parabéns pelo texto!
    =**

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  3. tali, uma nova tali, sem vesícula. cada um de nós renasce novo a cada dia mesmo.

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