quarta-feira, 18 de maio de 2011

Guernica




As pessoas me costumam ser telas em branco.
Eu, completamente manchada pela vida, como alguém saída de um campo de paintball,
tento deixar meus olhos e a minhas mãos limpas,
para quando vir alguém inédito, poder fazê-lo sem macular a pretensa inocência
e virtude que cada um carrega.

O problema é que atualmente eu tenho me defendido com as palmas das mãos abertas,
protejendo os meus olhos. E aí, vai ser preciso muito para enxergar cada nova tela
sem o ardor da tinta na vista, sem sentir meus vermelhos sofridos ao tocar.

Cada vez mais meus quadros me vêm pintados com as mesmas cores que colorem
todo mundo e que me atingem. E essas não são cores bonitas.
Me sinto numa galeria de Guernicas nesse mundo, com tanta gente assustada,
com cores tão feias. Meus quadros me vêm cada vez mais Guernicas,
meus quadros eu nao consigo pintar.
Nina

Um comentário:

  1. Tá cada vez mais difícil achar alguém "com cores".

    Seja pelas pessoas, seja por nossa cegueira…

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