quarta-feira, 9 de março de 2011

17 de janeiro

"Me alinhei ao lado dos humildes e descobri que não era bastante humilde para ficar junto deles, falsa a minha curvatura, falso o despojamento.

Me alinhei ao lado dos fortes e vi que não era suficientemente forte para sustentar por mais tempo aquela arrogância, representava planar sobre os outros porque acreditei que assim não seria esmagada pelo rolo compressor.

Teria que subir acima desse rolo, pisar nele - Ah, Meu Deus, mas era isso que eu queria? Não, também não era isso.

Quis ficar só para ser verdadeira, agora queria apenas ficar só e então sonhei que era uma rainha num coche desgovernado, em vão chamei por alguém que eu sabia por perto, onde? E o coche rodando para trás, para os lados, sem cavalos e sem cocheiro.

Consegui descer e encontrei uma gata cor-de-mel com seu gatinho, me aproximei enternecida, e o pai? Perguntei e apareceu um leão de juba desgrenhada e olhar de pedra. Corri, tinha uma mulher na casa mas a mulher gesticulava e não podia fazer nada enquanto o leão ia fechando o cerco, acordei com as pisadas na retaguarda.

Mas quem me detesta tanto assim para me atacar até no sono? Quis saber e nesse instante vi minha imagem refletida no espelho."

metáforas de lygia fagundes telles para yuri assis

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