sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Inferno

Nos tempos coloniais, Palenque foi o santuário de liberdade que, selva adentro, escondia os escravos negros fugitivos de Cartagena das Índias e das plantações da costa colombiana.

Passaram-se os anos, os séculos. Palenque sobreviveu. Os palenqueiros continuam acreditando que a terra, sua terra, é um corpo, feito de montes, selvas, ares, gentes, que respira pelas árvores e chora pelos arroios. E também seguem acreditando que, no paraíso, são recompensados aqueles que desfrutaram a vida, e no inferno são castigados aqueles que não obedeceram a ordem divina: no inferno ardem, condenados ao fogo eterno, as mulheres frias e os homens frios, que desobedeceram as sagradas vozes que mandam viver com alegria e paixão.

Eduardo Galeano, na Escola do Mundo ao Avesso.

Nina, que espera que ninguém arda no inferno, aqui ou lá.

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