sábado, 11 de setembro de 2010

70% cacau

Leveza temos que ter neste momento que não damos conta de nós mesmos. Não no florescer das lágrimas da maior dor que nos existe, mas no momento de sanidade, a sanidade culpada e vazia que nos encara. Queria me vestir a caráter do meu caráter. Descartar-me de mim mesmo, tirando as peças de roupa que as esperanças alheias me vestem. A completude vazia de uma folha em branco me é, nesse momento. Nego qualquer ethos que minhas palavras respirem. Qualquer saliva seca que meus olhos demonstrem. Não quero mais respirar fragmentos das memórias que me encurralam. Um dia, há de haver, e haverá, a vingança das experiências que trouxeram força e resistência. Um dizer não. Um enfraquecer de tão forte. E quando essas lágrimas finalmente descerem pelo rosto seco por costume, pelos lábios molhados por uma sensação tão nova, mas tão velha, renderei-me a mim mesmo e tudo aquilo que levantou o cimento de minhas veias. Sentirei saudade daquela fragilidade inocente que chamei de lar, que chamei de chão. E darei boas-vindas à amargura do café que resolvi ter como refeição. Desculpe, Mundo meu, se as costas que te virei são tão rudes que parecem reais. A verdade é que a falta da cor que carrego comigo é o preço do esforço que, involuntariamente, assumí.



Lucas.


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