quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Bate o sino pequenino...


Ele era cego. De nascença, coitado. Vivia tentando imaginar, de um jeito que eu nem consigo exprimir qual, as cores. A coisa mais difícil da cegueira, para ele, era não saber o que era azul, verde, branco e vermelho.

Vermelho. Ele adorava essa palavra e sonhava com o dia em que veria o vermelho. O Vermelho do mar, porque para ele a água era avermelhada e não azul como diziam.

E o dia chegou. Numa manhã ele acordou assustado porque algo de bem diferente acontecia. Era tudo muito estranho e ele tinha medo. Foram dias e dias meio amargos, diferentemente do que ele pensava, já que acostumar àquilo tudo era bem estranho. O garoto se sentia acuado, entristecido.

O pai, feliz por saber que seu filhinho podia, enfim, conhecer as cores, deu-lhe de presente um saco de pancadas, vermelho como todo bom saco de areia dos filmes, e disse para o filho que descarregasse suas frustrações ali, sempre que estivesse repleto. E o menino batia e batia no invólucro vermelho. Passava horas machucando as mãos, cada vez que via uma coisa e tinha que tocar nela para reconhecer.

Estava perto do Natal e, pela primeira vez ele poderia ver o presente. O pai, emocionado, pensou em dar algo bem marcante. -Uma bicicleta! pensou ele. E assim fez. Trouxe a bicicleta para casa e convidou um senhor fantasiado de Papai Noel para entregá-la na noite do nascimento do Menino Jesus.

No meio do jantar em família ouve-se o riso do bom velhinho. Atordoado, o menino corre até a porta e, ao ver o enorme senhor rechonchudo e vermelho, esmurra-lhe a boca do estômago. O Papai Noel cai, desfalecido, tamanha a dor da pancada (...)


Moral da história: ______________________________________________



[Tali, sobre seus momentos de Papai Noel]

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